sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Sala das vidraças grandes

Passaram trinta anos. Juliana e Araújo trabalharam durante quinze na mesma sala de arquitectura frente a frente, uma sala pequena com vidraças grandes onde só os cavaletes os separavam.

Nos últimos tempos desses quinze anos, os dois, deixaram-se envolver pelas muitas horas de olhares e conversa de desejos intermitentes, passavam mais horas juntos que com os seus conjugues, pensaram que se amavam.

Havia toques e pequenos beijos nos lábios, as mãos dele pareceram-lhe a ela sempre muito macias, até ao dia em que a oportunidade de ficarem completamente a sós lhes mostrou que outro caminho deveria ser percorrido.

As histórias começam sempre assim. 

No dia seguinte assim que Juliana entrou na sala ele abrasou-a por trás, acariciou-a destemidamente, ela avisou-o que podia ser perigoso e beijou-o.

Uma segunda oportunidade de estarem a sós surgiu, entraram no quarto do hotel e sentaram-se na borda cama, ele colocou uma das mãos sobre a perna dela, olharam-se, sorriram e decidiram sair dali.

Estás aborrecido?, não!. Tempos depois Juliana mudou para uma das salas do terceiro andar do edifício e Araújo passou a fazer serviços no exterior. Deixaram de se encontrar de se ver, sobrava as festas de natal onde nem se quer se sentavam juntos.

Volvidos outros quinze anos Araújo volta a ser colocado na sala das vidraças grandes, chegou cedo, vai preparando o seu portátil e não repara que quem lhe diz bom dia é Juliana.

Um comentário:

Rui Pinto disse...

Moral da história, não se deve confiar nas mulheres!!!