Chegou à
moradia entrou e descalçou-se, depois de arrumar as botas para o frio que se
faz sentir na rua tratou de fazer café, um expresso, e sentou-se na velha
cadeira coberta por uma manta que a mãe lá coloca.
A idade vai
colhendo a sua graciosidade, os movimentos, o cabelo branco, agora cansa-se com
mais frequência basta subir uns degraus.
Sentado, vai
olhando pela vidraça a mata de cor acastanhada pelo Outono chuvoso e as
lembranças jorram em cada folha que cai.
A vida foi-lhe
simpática, extravasou os sonhos de rapaz, foi amado e viveu esses romances como
se fossem os últimos, agora tem a companhia da mãe e o vazio que vai olhando
pelos intervalos das árvores que se abanam ao vento.
Os pensamentos
toldam-lhe a alma, deixa sair um sorriso aconchegando-se na velha cadeira
enquanto procura sobre a pequena mesa o livro que começou a ler recentemente,
“Deus Dorme Em Masúria”.
A história do
livro baseia-se na vida de uma família alemã na época antes da segunda grande
guerra, ao ler sobre as férias levantou o olhar, recordou a sua praia e a
mulher a quem nunca disse que era o seu grande amor.
As histórias
começam sempre assim.
Levantou-se,
dirigiu-se ao computador e enviou uma mensagem:
“No sábado de
tarde, como sempre, fui fazer o meu passeio a São Pedro de Moel e não me saíste
da cabeça, tive esperança de te ver lá em baixo na pracinha e mesmo a começar a
chover “obriguei” a minha mãe e a minha filha a fazer a volta por lá, subindo
depois como quem vai para o farol…mas…não tavas.”
Morreu sem nunca receber a resposta.
2 comentários:
Se calhar ela já tinha deixado de ler mail`s.Já nao tinha pc,ou algo assim do género.Estava cansada.
Gostei da história,beijo.
Nati
...finalmente este ano tive o privilégio de conhecer São Pedro de Moel
https://500px.com/photo/99683971/-%22the-sea-over-me%22-by-maria-ferreira?from=user_library
Foi preciso dar uma volta de muitos 180 graus, ter a coragem de Amar alguém real, a quem contei a "História", de uma poeta que escreve como poucos, ou pelo menos que tanto prazer sempre me deu em ler ... levando a imaginar cenários, olhares, sorrisos, e beijos feitos lágrimas...
Será sempre para mim, o Eleito ...
Continua a manter a magia, e o "abraço" às palavras tão bem agarradas a si...
*
Será que morreu mesmo??
Beijo n´oteudoceolhar.
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