quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O Dançarino


Depois de vinte anos ela soube por onde ele andava, o desejo de voltar a velo arrepiou-lhe a pele, estava sentada na mesa habitual do café onde as recordações vagueiam como raios de sol que trespassam as vidraças, quando no grupo da bica do almoço uma amiga lhe falou desse assunto, ficou em silencio e a pensar nele.

A amiga disse-lhe onde ela podia encontra-lo, "Ele ás quartas-feiras de tarde passa por lá, foi o dono do café da rua que desce que me garantiu, é ele! Também fiquei a saber que ele tem um blogue, já lá fui, toma o endereço".

O dono do bar aproxima-se com a bica, faz os cumprimentos de sempre e desloca-se para outra mesa. Ela faz o corte do pacote do açúcar por um canto, despeja e mexe, toma a bica em dois goles, deixa um euro em cima da mesa e sai, sem dizer nada aos que ficam.

Despertou-lhe a curiosidade ao saber que ele tinha um blogue, quis ver e chegou mais cedo ao emprego, abriu e surpreendeu-se. Não lhe conferia capacidade para o que acabava de ver e ler, depois, recordou a naturalidade com que ele contava historias, desatou a rir por compreender a razão dos amigos lhe pedirem para ele escrever cartas de amor que depois enviavam ás amadas.

As historias começam sempre assim.

É quarta-feira, pediu dispensa do trabalho e partiu na esperança de o encontrar.

Sentou-se na esplanada do café da rua que desce, tomou um café, pagou e subiu a rua junto a farmácia, passa pela casa das janelas vermelhas e vira pela rua da saudade, caminha devagar olhando as casas os passeios o farol e o penedo, esta a fazer tempo, passa junto ao bairro dos naturais e desce pelas varandas com o mar logo ali.

Vem até à praça e senta-se num dos bancos verdes junto à fonte, agora tem o areal na sua frente e o sol quente misturado com a aragem.

Olha o relógio e mexe-se ansiosa, a amiga também lhe disse que quando o tempo permite ele aproveita para passear na areia.

Em tempos gostou muito dele, passavam muito tempo juntos, adorava dançar, de conversar, admirava-o, mas a vida dividi-os, ela foi para a faculdade e ele partiu sem dar noticias.

Deixa cair a cabeça para trás, de olhos fechados recorda o rapaz alto e magro que a admirava, era um bem-humorado, a quem um dia ela disse: "Ninguém me pega pela mão como tu".

Uma sombra sobrepõe-se aos raios solares que lhe aqueciam a cara, abre os olhos e ele pergunta-lhe: 

O que estás aqui a fazer!!??!!.

2 comentários:

Anônimo disse...

que historia...........
ele acabou por nao aparecer no café
e a historia acabou que so ela ficou com o segredo até ao fin .

Gritos do Meu Silêncio disse...

- Estou a tua espera!!!