Ela conduziu com alguma precaução, a
chuva miudinha tornava a estrada perigosa e a viagem mesmo que curta era de
algumas curvas bastante fechadas, entretanto chegou e estacionou no parque que
era o seu destino.
Coloca o portátil sobre as pernas
e em cima um bloco de cartas, olha uma vez mais lá para fora, a chuva acompanhada de uma brisa suave
parece que lhe dá inspiração e coragem para escrever, decide-se.
Olá, estejas onde estiveres,
espero que as minhas palavras te cheguem, surpreende-te imagino, lê e depois deita fora.
Ando a alguns anos para te dizer alguma coisa, deixei de saber de ti, continuo a ir a S. Pedro de vez em quando e hoje deu-me
para te escrever e entregar a carta em mão.
Continuo casada vê lá tu, tenho
um filho e recordações que alimentam a minha vida, de facto estou sozinha com
tanta gente á minha volta, deve ser da idade mas tens passado pela minha cabeça
imensas vezes, nunca mais senti a pressão de ser amada como tu o fazias, voltei
a ter a importância que tinha quando nos encontramos, voltei a sair de casa e a
entrar naturalmente, não reparam em mim, eu tenho saudade do meu chato amoroso,
controlador e apaixonado, sabia o que me querias dizer pelo olhar, lembras a
cena da saia lilás, tantos momentos tantos ciúmes hoje não tenho nada disso,
tenho recordações e saudade de ser verdadeiramente amada, tu mostravas encanto por mim, um dia disseste-me
que podias-me perder e a vida decidiu outros caminhos para nós, afinal nunca me
perdeste porque eu estou a escrever esta carta e a chorar por ti.
Beijo
Dobrou a folha e colocou num envelope que fechou usando saliva, saiu do automóvel com o envelope
na mão, entrou pelo portão de ferro e dirigiu-se a um empregado que por ali
andava. Por favor diga-me onde é esta sepultura.
2 comentários:
.....Já tinha partido o homem,o amor da sua vida.
Beijo
Nati
Um belo conto,gostei imenso de ler. Beijinhos e fica com deus,querendo,me visita também. http://pontodecruzdamafalda.blogspot.pt
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