terça-feira, 5 de setembro de 2023

Barco vazio


Eu era um barco vazio e desaparecido, tu surgiste com o vento das folhas caídas e recuperaste-me do fundo de um rio de lama amarelada, lavaste-me, pintaste-me de azul céu e na popa pintaste a vermelho: "Até que a morte nos embale".

Depois...

Amarraste-me a um cais desconhecido, nunca quis desamarrar-me, decidi ficar ali balouçando conforme a maré e com a mesma vontade de sempre de te contar as minhas noites e os meus dias.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A Ver o mar


Tenho a presunção de dar vida ao lado mais escuro da lua e ver-te a sorrir na cara do sol, quero que me leves a ver o mar, e que deixes a maresia transportar a minha alma para dentro de ti.

Disponho da tua boa vontade? Acho que não.


É erro facbokiano que me deu acesso ao que me é proibido de toda a maneira obrigado.

Beijo.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Carlos Mota


Clamo a magnificência do meu acordar e os momentos inesquecíveis que vivo nas manhãs inventadas por mim. Uma amizade sincera, senhor Carlos Mota.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

O Rosa




Apetecia-me tomar um chá com o Rosa.

Não sei porquê, apetece-me, sempre achei que poderíamos ser amigos sinceros e que ainda descobriríamos que somos primos afastados.

Mas não muito.

domingo, 18 de junho de 2023

Inquestionável


O tempo não apaga nada. Nós é que fingimos que esquecemos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Sandálias

Apareces de vestido solto e cabelo a lembrar outros tempos só a cor diferencia.
O teu corpo é um cálice, um cibório, um nicho de sombras, é o mesmo corpo.

Adorei o vestido de cor da alma, de seda selvagem dobrada como o fole de um acordeão e as tuas ancas.

Olhei com medo, agarrado em cada prega do tecido, numa viagem de infinitos desvios.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Esqueci de te dar os parabéns



Hoje é dia de festa, de sorrisos, de abraços, de velas acesas.

Hoje é dia de doces, de extravagâncias, de lágrima ao canto do olho, de viver a vida mais um bocadinho.

Hoje é dia de abrir a memória e recordar os anos lá para trás, hoje estou a limpar o pó ao museu ao meu museu.

Hoje é dia de lembrar que o teu bolo tinha poucas velas e sorrir pelas velas que nos lembramos de termos apagado.

Hoje (e todos os dias) és um dos meus tesouros, o que fecho na mão com toda a força.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Anjo Bom

 

Sentei-me na esplanada onde se vê o mundo na minha praia, vi que você caminhava junto da rebentação e reparei nos seus passos ondulantes, o seu andar, o seu rumo, a graça e o aprumo a lembrar a gaivota cantadeira e não estamos numa manhã de primavera.

Notei que apanhava conchas e atirava pedras ao mar, envolvime na sua robustez a lembrar a brandura das searas que me agarram e afagam á distancia de uma essência.

Chamou-me, com voz de menina, “venha cá António Pinto” a lembrar passarinhos cantores que enfeitiçam e desembrumam a espessura das minhas noites de Inverno.

Abeirei-me de si de pés molhados, eu era sorriso, você de orvalheiras de luz e de maresias prenhes de sol, que a envolviam pura e suave, na sua pele nívea salpicada de inocência
.

Falei de amor e de musica romântica, de Ernesto Cortazar, você, lembrou libreto e valquíria e da minha luta por si.

Você é horizonte, cascata, pintura intensa e anjo bom, é liberdade, rir intenso, cadeia, é a minha perdição.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Despenhado

Ainda a inquieta maresia que nos escondia junto a rocha Moel, sorriamos, numa gloriosa ascensão do aroma das espumas brancas.

Regressei a casa acidulado no respeito que a luz do teu ventre me impunha, assim foi, acabei despenhado para o resto da vida.

Dediquei-te o silêncio e a minha alma.