Tenho um rio a meus pés que corre sereno a caminho da foz dos meus pensamentos.
Igual aos meus passos, compassados e imaginários junto da rebentação, que sem dar conta, chegam a todos os olhares que carrego na lembrança de um fim de dia de Inverno que nunca existiu.
Sentado aqui a ver passar o rio, escrevo um poema sem palavras, parecido com aquele que me ofereceste sem te importares se eu o perceberia ou não.
Este é o rio onde um dia naveguei com a minha imaginação, imaginava através da escotilha e mentia-me a ouvir palavras tuas, que chegavam no vento embrulhadas na brisa como prendas perdidas na lonjura dos dias sem fim.
Há um vazio que se sente, cheio de promessas e desejos do que nunca vivemos.
E o tempo, sempre o malvado tempo, o mesmo que um dia nos juntou é o mesmo que nos separa, neste constante e ininterrupto martelar do relógio da minha cidade que marca a hora certa dos nossos reencontros.
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