Dobrava
meticulosamente o resto que sobrava do pacote de açúcar, sentada e chegada à frente
na mesa do café ia revivendo as mudanças que impôs à sua vida.
Aquele
homem, foi o seu encontro de sonho que lhe deu a vantagem de passar a acreditar
nas revistas cor-de-rosa.
Aparentemente
iguais, nos gostos desportivos, da cozinha, e da cor do automóvel, o que
faltava era tempo, um incomodo para quem procura que não ocorram equívocos.
O
leito, espectacularmente criado e
desejado, era divinal, de lençóis em cetim vermelho, bem assentes, puxados e
repuxados para que a suavidade e a luxúria fossem momentos a instigar a indecência
humana, actos que deixava na alma a vontade de repetir, só mudava a cor dos lençóis,
de cetim.
Mas,
os peúgos pretos, espalhados pelo leito divinal, eram o pormenor que lhe desalmava
a boa vontade, que a enervava, talvez essa liberdade que ele desnecessariamente
impunha fosse o mais nefasto da historia e que descoloria o que deveria ser o
que sonhara para a vida.
As historias começam sempre assim.
Começou
a desviver, ao seu olhar e em pouco tempo os lençóis de cetim mesmo com
mudanças de cor deixou de resultar, perdeu
a vontade de praticar zumba, de dançar kinzomba, colocou na gaveta o avental de
cozinha, achou irracional, incrível, fazer amor na beira do mar enrolada em
areia aguada em noites tantas vezes sem luar.
Sorriu,
deixou cair a cabeça para a frente e levantou-a logo depois passando as mãos
pelo cabelo, olhou para o lado e: Posso pedir-te um favor filho?, sim mãe. Preciso
de ir amanha a São Pedro de Moel. Fazer
o quê?, quero olhar o areal, quero ver se estão pegadas do homem dos peúgos pretos marcadas na
areia.
O filho sorrindo, pegou-lhe delicadamente numa das mãos: Nunca esqueceste, tá bem mãe.
Um comentário:
Linda história......beijo
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