quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Mensagem



É uma mulher independente, divorciada e já passou dos quarenta, hoje tem mais um encontro com o homem que ama num relacionamento de dois anos e meio, despede-se do filho e entra no carro. 

Ele vive do lado contrario na direcção que ela segue, serão cerca de cem quilómetros a distancia que os separa e os seus encontros são mais ou menos a meio.

É mais uma oportunidade para estarem juntos o que acontece esporadicamente, ele tenta resolver o divorcio litigioso e essa é a razão dos encontros secretos. 

Vai vestida de preto, sensual, uns sapatos que a fazem mais elegante e alta, sente-se atraente e apetitosa, só lhe interessa agradar a ele que a espera num local encantado e abandonado.

Conduz o carro e pensa que a tarde vai ser linda, só para eles, acha que se vão misturar com a liberdade das cegonhas e a água que corre da fonte onde costumam beber. 

O seu casamento destruiu-se nas rotinas e este homem que ama consegue que o sonho regresse outra vez. Existe o seu filho já homem, ele tem um casal o mais velho já casado a menina frequenta a faculdade, têm conversado sobre eles e como seria a vida se optarem por viver juntos. 

As historias começam sempre assim...

Ela chega e ele ainda não está, olha em volta os corvos que saltitam entre o arroz já crescido, passam horas e ele não aparece, tem a tentação de utilizar o telemóvel mas tem receio de quem pode atender, arrisca, atende uma voz feminina e embargada: Sim… está… quem fala?, ela treme mas responde: Sim, boa tarde era para falar com o..., do outro lado a voz soluça e interrompe: Não vale a pena ele faleceu hoje pela manha num acidente de viação, desculpe mas tenho de desligar. 

Ficou pálida, a tremer, estarrecida, as lágrimas começaram a sair, deixou o carro e entrou no mosteiro abandonado, não aguentou mais e começou a gritar por ele caindo de joelhos, olhou para uma das paredes onde figuravam ainda as datas cravadas dos momentos que com ele ali passou. 

Caiu em si e começou a pensar como iria chegar a casa, sentia-se destruída emocionalmente, restava-lhe a possibilidade de ele antes do infortúnio lhe ter mandado uma mensagem para o email secreto e que lhes permitia estarem em contacto. 

Sacudiu-se, arranjou-se, passou as mãos pelos cabelos, meteu-se no carro e voltou para casa. 

Entrou directamente na garagem e dirigiu-se á sala do computador, estava ligado, procurou o que pretendia e enquanto esperava ouvia-se musica na sala, era o filho com uns amigos.   

Os seus olhos emudeceram e as lágrimas voltam a cair ao ver que havia uma mensagem e, leu, em silencio.

“Ontem passei em S. Pedro, estava lindo aquela hora da manha... quase ninguém... só o calor do sol... e o "silencio" do mar... AMEI. 
Ainda quis ir tomar um cafezinho na "tua" esplanada... mas, tava fechada... BEIJOS…”

Um comentário:

Anônimo disse...

Triste,mas fantástico.
Adorei, um beijo

Nati