sábado, 1 de junho de 2013

O Jardim


Ela sai do supermercado empurrando um carrinho com compras em direcção ao automóvel. 

De dentro do espaço comercial é observada através da vidraça e comentada pelo que esta atrás do balcão de uma loja de flores, um engravatado de pasta na mão, observa: Quem é?, é pá isto vive a dois quarteirões daqui, é uma residência com palmeiras, o marido está na Somália é médico numa organização humanitária, é cliente aqui da casa. 

O da pasta arroga-se a pedir um contacto telefónico,  olha lá arranja-me o contacto pode estar ali um cliente.

Ao fim do dia o da pasta percorre de automóvel a zona procurando a residência que lhe interessa. 

Encontra. É uma casa imponente com um jardim igual, pára o automóvel e liga o telemóvel no numero certo. 

Sim! Boa tarde minha senhora, fala o representante da empresa de apoio e manutenção a jardins, a senhora conhece a nossa sede junto ao supermercado. Sim conheço, responde ela. Pretendia marcar uma reunião para falarmos sobre o seu jardim, o que me diz, pode ser na nossa sede ou onde pretender, faremos isso sem compromisso. Está bem, pode vir à minha residência, marcamos para dentro de dois dias depois de almoço. Muito obrigado pela sua disponibilidade, e desliga o telemóvel. 

As histórias começam sempre assim. Depois de almoço e no dia acertado ele toca a campainha da residência e a porta abre-se. Boa tarde, diz ele sorrindo. Como está, responde ela, estava à sua espera, pode entrar aqui para esta sala e diga-me o que tem para ajudar o meu jardim. 

Duas horas depois ele sai da residência com nova reunião para dali a quatro dias, e assim aconteceu, chegou logo a seguir ao almoço e sentou-se na mesma cadeira da reunião anterior. Vamos então ao contrato, começa ele retirando uns papeis da mala. 

Toca o telefone a interromper. Desculpe, tenho de atender é o meu marido. Por favor, diz ele. 

Sim amor… estou com um senhor de uma empresa de manutenção de jardins, depois ligo-te, ok… beijinho. As horas vão passando, o telefone volta a tocar. È o meu marido outra vez. Ainda estou com o senhor da manutenção de jardins, assim que isto acabe eu ligo-te, tá bem… beijinho. 

Era noite quando ele saiu da residência com o contrato assinado, entrou no automóvel e foi embora. 

Ela pegou no telefone e ligou ao marido. Sim… amor… estás a ouvir bem? O senhor foi agora embora fiz um contrato muito bom para a manutenção do jardim. Eu não te disse nada!, sim ele telefonou à uns dias, depois veio aqui a casa e marcamos para hoje para fazer o contrato. Ó amor ele chegou aqui depois de almoço, demoramos todas estas horas porque eu queria analisar bem o contrato. Não, o nosso filho não está em casa, porque não te disse nada!!! 

Esqueci-me.

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