sábado, 22 de setembro de 2018

AFONSO LOPES VIEIRA


Chegou entre os solavancos de ventos marítimos junto a Foz do Douro, toma um café e vai de encontro à cidade de Palumbar, ali, junto à homenagem ao popular "cabeleira" respira fundo, sorri, e sente que vai valer o esforço.

Olha o castelo, depois o céu, virou-se para olhar o Santo Amaro, depois ao contrário num enquadramento perfeito quase talhado à medida, segredou-se:

Será que o encontro no café ali junto ao coreto.

Estes eram os seus primeiros pensamentos para o encontro ou a noção do tempo que passou, olha a velha árvore dos poemas e caminha na incerteza do que podia encontrar, o tempo tem esse ritmo, oferece-nos uma inesgotável capacidade para a ilusão e para a surpresa.

Entrou no Bold, olhou à sua volta e viu que tudo estava na mesma, apenas os meses passaram, escolheu a mesa no recanto das boas memórias e, pediu um vinho.

As histórias começam sempre assim.

Em dia de Santo Amaro que não é santo como nos explicava o Pároco Diamantino, as vontades acontecem naturalmente, adiante.

Tirou o tablet e abriu o facebook, procurou a sua última companhia naquela mesa, encontrou, percorreu o que podia ver e ler e percebeu que a vida se faz vivendo, sem espaço para amor escravo, mas sim, de encantamentos de dobra de esquina que enchem a alma do melhor aroma da maresia e cheiros de lavanda, abriu a caixa de mensagens e escreveu:

Estou em Pombal, olá, dei uma olhada no teu Facebook e decido escrever, venho de propósito, estás surpreendido?, tenho de te escrever depois destes meses todos porque decidi revelar-te a minha tristeza.

Não vais ficar chateado comigo? Esta mesa onde estou sentada sabe do tanto que aqui conversamos, mas, preciso de desabafar, revelar, sem julgamentos.

Estou apaixonada!!! Sempre estive apaixonada, até escrever isto é estranho.

Tenho vivido com este sentimento, é horrível! Tira-me o sono, a fome, só penso em ti!!!, eu vivo a fingir, só existo, eu só quero que isto termine e que me entendas.

Foi errado, desprezei as consequências, desculpa.

Apareço depois destes meses para te falar de um devaneio florido em que caí e não soube em tempo oportuno lavar-me dele sem te perder, nunca me perdestes, vem ter comigo, sem complexos, tu és o meu porto de abrigo onde sempre estive abrigada, beijo.

E aconteceu uma quebra de energia no café do jardim.

Um comentário:

Anônimo disse...

HAHAHAHA é mesmo, a luz vai abaixo mas ninguém se levanta da cadeira. pago-te um café se me contares do teu amor.