terça-feira, 21 de outubro de 2014

Trinta Anos

Esta é uma historia de deduções, fui deduzindo conforme as conversas e do que ambos escreviam nos blogs.

Identifico os intervenientes por Adolfo e Mariazinha.

Adolfo nasceu em uma família abastada de Lisboa e Mariazinha também mas em outra cidade, em comum têm São Pedro de Moel, ambas as famílias têm residências de férias nesta praia.

Do conhecimento e envolvimento nos areais da praia, Adolfo apaixonou-se pela rapariga de cabelos negros e olhos azuis, entre os dezanove e os vinte e três anos Adolfo quando sabia que Mariazinha estava na praia fosse verão ou Inverno metia-se num dos automóveis do pai e abalava para a cortejar, era sempre no mesmo, um MG descapotável.

Uma sexta-feira de Janeiro saiu de Lisboa ao final da tarde debaixo de chuva e chegou à praia noite adentro, o toldo do MG verteu águas e ele chegou todo encharcado, não encontrou Mariazinha quando tocou na janela do seu quarto, não a viu, regressou no outro dia sem saber o que acontecera.

Adolfo não precisava de ter emprego e nem se preocupava com os negócios do pai, da praia, o seu contacto nunca mais lhe falou da presença de Mariazinha na casa das janelas vermelhas, soube passados meses que a sua princesa se casou.

Esta foi a parte da historia em que eu lhe senti um tremor no corpo idoso e ate me pareceu que umas lágrimas lhe caíam, não esqueço o dia, estávamos no Bambi, eu e “Adolfo” a tomar café, sexta-feira dia seis de Julho de dois mil e sete.

Continuando. Adolfo nunca mais visitou a residência de praia da família, não veio mais a São Pedro de Moel, vagueou pelo mundo, escreveu, fez fotografia, velejou, até que o informaram que a escritora Mariazinha por incidências da vida se tornara outra vez uma mulher livre e que voltara a frequentar mais assiduamente a residência da rua que desce para a praça.

Nesse dia, ele, estava inserido num rali de carros antigos em Caldas da Rainha, quando passava por Alfeizerão, virou o velho MG descapotável em direcção à Nazaré e veio beber um café ao António do central, passados trinta anos.

*Qualquer semelhança com a vida real é pura coicidencia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo, ainda estou vivo, meu maroto, apanhaste-me!
Sucintamente, que bem contas a minha história; que tu já conhecias. Mas como dizes “morri sem saber porquê” mas ela continua linda.
Um abraço
Besnico di Roma