domingo, 14 de julho de 2013

Oportunidades


Entrou no café, escolheu uma mesa e pediu três torresmos e um fino, o habitual quase diariamente. 

Junto ao balcão estão dois conhecidos, vai falando com eles mas não consegue disfarçar a tristeza que eles notam e fazem referencia, "tu estas bem", questionam-no.

Ela tinha ido embora naquela manha, ele não conseguia disfarçar.

Foram duas semanas de fulgor romântico, de calçadas arranjadas e de devaneios a dois nas sombras de matos e pinhal.

Partiu sem que perspectivassem o futuro, apenas uma certeza, os dois necessitavam-se.

Se a liberdade dele era como o sol que a aquecia, ela numa fase muito conturbada da vida tinha encontrado a boa esperança junto ao atlântico. 

Não era a primeira vez que se encontrava nesta situação, ela partiu, e a verdade, é que a possibilidade de voltarem a estar juntos era difícil de acontecer, só lhe restava que a vida seguisse harmoniosamente.

O telemóvel da sinal de mensagem, abre e lê: "Resolverei a minha vida para poder viajar para aí, entretanto"

As histórias começam sempre assim. 

Passaram alguns dias, os email chegam e partem com veemência, trocam frases românticas, ela diz: "Estou a lutar por nós, hoje ao final do dia resolvo o que ainda me incomoda, depois escrevo antes de ir para a cama."

Jantou a pensar no email que ela lhe prometeu e no que podia dizer, lavou a loiça e saiu para o mesmo café, havia alguma ansiedade e isso levou a que chegasse a casa noite adentro, ligou o computador e tinha o email que esperava, apenas dizia que no outro dia lhe contava como tinha decorrido a reunião: "Estou cansada, amanha escrevo o que tu queres saber, boa noite, beijo…",  responde com um ok, ficou surpreendido, deixa-se ficar no sofá, adormece.

Acorda dorido pela noite mal dormida, volta ao pc e tinha outro email: 

"Vais-te surpreender mas ontem as coisas decorriam como desejava quando o meu filho entrou na sala e foi-lhe colocada a situação, ele entendeu que era uma precipitação e que eu devia dar uma outra oportunidade a esta vida. Vou dar. Adorava voltar para aí, eu quero voltar, mas acho que devemos ter paciência, breve não haverá espaço para mais segundas oportunidades, espera por mim, amo-te."

Levantou-se, entrou no wc para tomar um banho e desfazer a barba, de seguida, saiu para tomar um café, regressou a casa e ao pc e respondeu:

"Entendo perfeitamente. A vida ensinou-me a saber sair, não vou ou não devo esperar e desejo que a renovação que pretendes dar à tua vida vá ao encontro da felicidade que desejas. Adeus."

Desligou o pc e não pensou no almoço, saiu outra vez. 

Enquanto vagueava nas ruas da cidade o telemóvel tremeu dentro do bolso, é ela, atendeu e ouviu:

"Não me faças isso."

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