sexta-feira, 14 de junho de 2013

Não chove de céu azul


Ele prepara-se para comer um bolo e beber um galão na pastelaria da esquina, espera-o uma tarde por detrás do balcão da loja de flores que é explorada pela sua mulher.

Hoje ela vai a um almoço logo ali ao lado num convite de um casal amigo que festeja o noivado.

Enquanto o servem ele olha desprevenidamente pela vidraça e surpreende-se com a mulher a entrar no Audi de um conhecido e o casal senta-se atrás. O automóvel arranca e ele vem até á porta para ver a direcção que seguem, o restaurante era logo ali, foi o que ela lhe tinha dito, afinal deve ter havido uma alteração de plano para o almoço, deduziu.

Não comeu nem bebeu o galão, ficou intranquilo, a saia que ela vestia tinha-a comprado ele dias antes.

Não lhe pareceu normal, pensava, tentando encontrar uma justificação para o que tinha assistido.

No dia seguinte chegou ao trabalho cabisbaixo, ela tinha justificado a alteração mas ele sentia-se fragilizado, a sua primavera num momento ficou com as flores caídas, sentou-se a preparar o serviço para o dia que lhe seria intranquilo, sentia isso, a imagem da entrada dela no automóvel estava sediada na cabeça o que o deixava a olhar o infinito.

Então! Está a dormir?, diz-lhe uma colega de trabalho. Ele volta a si e pergunta-lhe: já tomou café?, não… passa-se alguma coisa você está em baixo. 

Saíram os dois para o bar habitual tomar o café da manha.

As histórias começam sempre assim. 

Ele falou da sua fragilidade e ela aproveitou para também falar da dela, casados, encontraram um no outro disponibilidade para se ouvirem e assim foi durante um tempo.

Num dia de Outubro chuvoso, ele entrou numa dependência da empresa e perante o telefone decidiu fazer a ligação que desejava para a colega: Tou… não diga o meu nome, quando sair siga o passeio o meu carro está lá à frente e tem a porta aberta, desligou.

Foi o primeiro a deixar a empresa nesse dia, correu para o carro sentou-se e esperou que ela viesse ou não.

Olhava o retrovisor quando ela lhe surgiu quase junto ao automóvel, abriu a porta, sentou-se ao seu lado e sorriram, ela olhou o leitor de cd e sem nada dizer carregou no play, começaram a ouvir Camilo Sexto na canção que fazia a pergunta que ela aceitou.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois......linda história.

Beijo
Natalina