terça-feira, 8 de março de 2022

Flôr de trigo


Sentei-me na esplanada na minha praia junto da rebentação e olhei os teus passos ondulantes no areal, o teu andar, o teu rumo, a graça e o aprumo a lembrar a gaivota cantadeira e não estamos numa manhã de primavera.

Reparei quando apanhavas conchas, quando atiravas pedras ao mar, a tua robustez, a lembrar a brandura das searas que me agarram e afagam á distancia de uma essência.

Chamaste-me com a tua voz de menina: “vem cá”! a lembrar passarinhos cantores que enfeitiçam e desembrumam a espessura das minhas noites de Inverno.

Abeirei-me de ti de pés molhados, eu era sorriso, tu de orvalheiras de luz e de maresias prenhes de sol, que te envolviam pura e suave, na tua pele nívea salpicada de inocência.

Falei de amor e de musica romântica, de Ernesto Cortazar, tu, lembraste libreto e valquíria e da minha luta por ti.

És horizonte, cascata, pintura intensa e anjo bom, és liberdade, podes ser cadeia, és a minha perdição.

Nos meus sonhos e a minha morte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo instantâneo, Tonito... Ainda bem que ela ficou. Talvez tenha reparado no seu corar, o que ainda a fez corar mais, aquecendo e colorindo o momento. Talvez tenha ficado menos triste. Divagações...